Posada exprime inquietação com o rumo dos ventos no álbum 'Vamossive'

Posada canta temas autorais e dá voz a músicas de Juliana Linhares e Ronaldo Silva no álbum solo 'Vamossive' Luna Landa / Divulgação ♫ OPINIÃO SOBRE ÁL...

Posada exprime inquietação com o rumo dos ventos no álbum 'Vamossive'
Posada exprime inquietação com o rumo dos ventos no álbum 'Vamossive' (Foto: Reprodução)

Posada canta temas autorais e dá voz a músicas de Juliana Linhares e Ronaldo Silva no álbum solo 'Vamossive' Luna Landa / Divulgação ♫ OPINIÃO SOBRE ÁLBUM Título: Vamossive Artista: Posada Cotação: ★ ★ ★ ★ ♬ Carlos Posada é do clã nordestino. Não por acaso, Posada assina com Lenine a música Motivo, gravada em clima de arrasta-pé e alocada ao fim do aclamado álbum Eita (2025), lançado por Lenine em 28 de novembro como ode ao Nordeste. Embora nascido na Suécia, país onde viveu até os quatro anos, Posada foi criado no Recife (PE) – cidade natal de Lenine – e sempre se considerou pernambucano, ainda que, como o parceiro, também já esteja radicado no Rio de Janeiro (RJ) há décadas, no caso de Posada precisamente desde 2001. A vivência nordestina do artista entre Recife (PE) e Natal (RN) está impregnada na gestação do repertório de Vamossive, álbum lançado por Posada em 5 de dezembro com capa assinada por Karla Theodoro, mas o disco extrapola essa vivência. O álbum totaliza oito músicas gravadas no estúdio Luperan, em São Pedro da Serra (RJ), com excelente produção musical e arranjos de Rodrigo Garcia. Quando eu sonho, por exemplo, é baião moldado para o clima de arrasta-pé das quadrilhas de São João. Em Vamossive, terceiro álbum solo de Posada, o primeiro desde Isabel (2017), a poesia irrequieta e o som criativo levam o artista para muito além das fronteiras nordestinas. “O vento que destelha as casas / Que seca os lençóis / É o mesmo que desata os nós”, relativiza o cantador de voz grave em versos de Desata (Festa no céu), música que abre o álbum. Faixa que tangencia a ambiência de cabaré de trilha sonora brega, muito por conta dos sopros, Pra não comer sugesta expõe o vigor dos arranjos do álbum, por vezes sobressalentes em relação às próprias músicas. Fora do trilho autoral, Posada aciona Maquinista (2025) – música do cantor e compositor paraense Ronaldo Silva, cofundador da banda Arraial da Pavulagem – com arranjo que evoca o movimento de um trem no toque dos instrumentos pilotados por Rodrigo Garcia (guitarrón, caixa do divino e caxixis). Ainda no trilho alheio, Posada põe a voz árida no xote Balanceiro (Juliana Linhares, Khrystal, Moyseis Marques e Sami Tarik, 2021), música do primeiro álbum solo de Juliana Linhares, Nordeste ficção (2021). De volta ao caminho autoral, o artista vai atrás de sonhos e amores a reboque da poesia da canção Nunca, entoada por Posada com Jhasmyna na segunda voz. Na sequência, Tudo gira gravita em torno do sentimento de saudade com o toque sensível da gaita de Jefferson Gonçalves dando sotaque country / folk à faixa. No arremate do álbum, a música-título Vamossive detecta o crescente processo de isolamento social que rege o mundo na era digital. O toque pontiagudo da guitarra de Walter Villaça acentua a sensação de incômodo atiçada pela música. É o fecho perfeito para um disco em que Posada até procura fazer a festa, mas sem abafar um sentimento de inquietação diante do rumo dos ventos. Capa do álbum ‘Vamossive’, de Posada Arte de Karla Theodoro