O que são os medicamentos apontados por Bolsonaro como causa de surto que levou a violação de tornozeleira
Termina audiência de custódia de Jair Bolsonaro O ex-presidente Jair Bolsonaro alegou que a tentativa de violar a tornozeleira eletrônica foi em razão de um...
Termina audiência de custódia de Jair Bolsonaro O ex-presidente Jair Bolsonaro alegou que a tentativa de violar a tornozeleira eletrônica foi em razão de um "surto", causado pelos medicamentos pregabalina e sertralina. Ele também negou qualquer tentativa de fuga. A juíza responsável pelo atendimento decidiu manter a prisão do ex-presidente após a audiência de custódia. De acordo com as bulas, os medicamentos são usados para tratamentos psiquiátricos, especialmente em casos de ansiedade, depressão. Ambos podem causar reações adversas que incluem alterações de humor e alucinações, apesar de serem sintomas mais raros. LEIA TAMBÉM: Bolsonaro alegou surto e negou tentativa de fuga em audiência de custódia; prisão foi mantida Prisão preventiva de Bolsonaro é mantida; veja os próximos passos Bolsonaro mantido preso: veja a íntegra do termo de audiência de custódia Segundo a psiquiatra Danielle Admoni, da Unifesp, a sertralina e a pregabalina não costumam provocar alucinações. Ela explica que os efeitos adversos mais frequentes dessa combinação estão relacionados à sedação e ao ritmo de metabolização de cada paciente, especialmente em pessoas idosas. “Não causam alucinação, o que pode causar mais é sonolência. Na verdade, assim, a sertralina é um remédio bastante tranquilo, com pouco efeito colateral. O que pode dar, são algumas alterações entre elas, sonolência, e a pregabalina também pode levar a sonolência, tanto que a gente costuma começar ela à noite.” A médica reforça que fatores como idade e diferenças individuais no metabolismo podem alterar a forma como cada organismo reage à medicação. Por isso, mesmo que efeitos incomuns não sejam esperados, não é possível descartá-los completamente sem avaliar o histórico de cada paciente. “Quando a gente pensa em alguém mais velho, a gente sempre tem que pensar em dose também. A gente pode ter respostas individuais, então nunca dá pra gente falar: 'ah, isso não é de jeito nenhum', sem conhecer o paciente” O que é pregabalina e para que serve? O que é sertralina e para que serve? O que é pregabalina e para que serve? A pregabalina é um medicamento usado no tratamento de dor neuropática, transtorno de ansiedade generalizada (TAG), epilepsia e fibromialgia em adultos. O remédio atua regulando a transmissão de estímulos entre as células nervosas — efeito que costuma aparecer após cerca de uma semana de uso. De acordo com a bula, a pregabalina pode ser prescrita para: Dor neuropática: quando há lesão ou mau funcionamento dos nervos. Epilepsia: como tratamento complementar para crises parciais. Transtorno de Ansiedade Generalizada: ajudando a reduzir sintomas de preocupação excessiva e tensão constante. Fibromialgia: condição marcada por dores generalizadas, fadiga e alterações do sono. A pregabalina pode causar uma série de reações adversas, segundo a bula do medicamento. Os efeitos vão desde sintomas leves e comuns, como dor de cabeça e náusea, até eventos raros e potencialmente graves, incluindo reações alérgicas severas e alterações cardíacas. As reações mais frequentes são dores de cabeça, que acontecem em cerca de 10% dos usuários. Outros menos comuns formam uma lista extensa, que inclui alterações físicas e emocionais. Entre elas: Nasofaringite, aumento do apetite, irritabilidade, euforia, confusão e desorientação Insônia, diminuição da libido, mudanças de memória e atenção. Tremores, dificuldade de coordenação motora, letargia e sensação de embriaguez. Visão turva ou dupla, vertigem. Náusea, diarreia, vômitos, constipação e gases. Cãibras, dores musculares e articulares, dor lombar e nos membros. Edema (inchaço), marcha anormal e quedas. Cansaço e aumento de peso. Esses efeitos tendem a ser mais leves e, em muitos casos, diminuem com o tempo de uso, mas podem impactar a rotina de parte dos pacientes. A medicação também pode causar reações incomuns (entre 0,1% e 1% dos pacientes) como: Incluem alterações no humor, no sistema nervoso e no funcionamento de órgãos: Neutropenia (queda de células de defesa), anorexia e hipoglicemia. Alucinações, inquietação, mudanças bruscas de humor e despersonalização. Aumento ou perda da libido, anorgasmia e disfunção sexual. Desmaios, mioclonia, discinesia e outros distúrbios motores. Alterações visuais, como redução da acuidade, dor ocular e visão periférica prejudicada. Taquicardia, bradicardia, hipertensão ou pressão baixa. Dificuldade para respirar, sangramento nasal, refluxo e hipersecreção salivar. Erupções na pele, urticária e sudorese. Incontinência urinária, disúria, retardo na ejaculação e disfunção erétil. Febre, calafrios, fraqueza e alterações laboratoriais, incluindo enzimas hepáticas e glicose. Hipersensibilidade, agressividade e perda de consciência também aparecem entre os efeitos relatados. O que é sertralina e para que serve? A sertralina é um antidepressivo que aumenta a disponibilidade de serotonina no cérebro, substância ligada ao humor, ao bem-estar e ao controle da ansiedade. De acordo com a bula da medicação, a sertralina é indicada para adultos no tratamento de: Depressão, inclusive quando há sintomas de ansiedade; Transtorno do pânico; Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT); Fobia social; Síndrome da tensão pré-menstrual e transtorno disfórico pré-menstrual; O medicamento também é aprovado para tratar transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) em adultos e em crianças a partir de 6 anos. A sertralina aumenta a ação da serotonina, uma substância que regula o humor, o sono, o apetite e outras funções, como a digestão e a cognição. Ela ajuda a aliviar sintomas como tristeza persistente, preocupação excessiva, ataques de pânico, compulsões e pensamentos obsessivos. A medicação pode causar uma série de reações adversas, segundo a bula atualizada do medicamento. Os efeitos variam de sintomas leves e comuns até eventos raros e potencialmente graves que exigem atenção médica imediata. As reações mais comuns, que ocorrem em mais de 10% dos pacientes, são: Enjoo, diarreia e indigestão; Tontura e dor de cabeça; Tremores; Falta de apetite; Insônia ou sonolência; Fadiga; Sudorese excessiva; Boca seca; Disfunção sexual, como atraso na ejaculação e redução da libido. Outras reações comuns, mas que costumam aparecer entre 1% e 10% dos pacientes são: Constipação, náuseas com vômitos e dor abdominal; Dores musculares, perda ou ganho de peso e aumento do apetite; Dor no peito, palpitações e febre; Zumbido, formigamentos e agitação; Agressividade e comportamento hiperativo; Infecções urinárias, incontinência e impotência; Rinite, sinusite e bocejo frequente. As reações incomuns incluem efeitos que podem indicar alterações mais significativas no organismo: Fraqueza muscular; Hipomania ou mania; Dores nas articulações; Sangramentos anormais, como manchas roxas, sangue nasal ou fezes com sangue; Aumento das enzimas do fígado, indicando possível comprometimento hepático. O que aconteceu na audiência de custódia "Depoente [Bolsonaro] afirmou que estava com 'alucinação' de que tinha alguma escuta na tornozeleira, tentando então abrir a tampa", diz a ata da audiência, protocolada pela juíza auxiliar Luciana Sorrentino. O ex-presidente também teria dito que "não se lembra de ter um surto dessa natureza em outra ocasião". E que o episódio pode ter sido provocado por um medicamento novo. Bolsonaro disse que "começou a tomar um dos remédios a cerca de quatro dias antes dos fatos que levaram à sua prisão", também segundo a ata. 🔎A audiência de custódia serve para que um juiz verifique se a prisão foi realizada dentro da legalidade e se houve respeito aos direitos fundamentais do detido. O procedimento é obrigatório, mesmo em prisões ordenadas pelo STF. O procedimento acabou por volta das 12h40, horário em que advogados deixaram a Superintendência da PF, em Brasília, segundo registrou a TV Globo. O que acontece agora? Nesta segunda-feira (24), a Primeira Turma do Supremo vai julgar se mantém a decisão de Moraes, ou se revoga a prisão do ex-presidente. A sessão extraordinária será entre 8h e 20h. Devem votar os ministros que compõem o colegiado: Flávio Dino (presidente da Turma), Cámen Lúcia e Cristiano Zanin. Moraes não vota, porque a decisão já é dele. O ex-presidente Jair Bolsonaro foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão Pablo Porciuncula/AFP Prisão por tempo indeterminado Durante a audiência de custódia, ficou decido que Bolsonaro permanecerá preso, considerando que todos os procedimentos da Polícia Federal (PF) foram cumpridos de forma adequada. Caso os ministros decidam referendar a decisão de Moraes, a prisão preventiva poderá ser mantida por tempo indeterminado. Ou seja, enquanto a Justiça entender que ela é necessária. Mas, por lei, prisões preventivas são reavaliadas a cada 90 dias. 🔎No processo penal brasileiro, a prisão preventiva pode ser decretada em qualquer fase da investigação ou no curso da ação penal, desde que estejam presentes os requisitos legais. Além da prisão, Moraes também determinou que: Bolsonaro terá atendimento médico integral na PF; O STF terá que autorizar previamente qualquer visita, exceto advogados e equipe médica; Todas as visitas autorizadas previamente, como dos governadores Tarcísio de Freitas e Cláudio Castro, por exemplo, estão canceladas. Condenação pela trama golpista Bolsonaro foi condenado a 27 anos e três meses pela tentativa de golpe. Mas, não é por essa condenação que ele está preso, já que o prazo para a defesa recorrer ainda não acabou. O fim dos recursos e a prisão por condenação devem ocorrer nos próximos dias. Os advogados de Bolsonaro e outros seis aliados, condenados pela trama golpista, têm até esta segunda-feira (24) para apresentar novos recursos sobre as penas estabelecidas contra os réus. A defesa do ex-presidente já sinalizou que pretende recorrer. Como a condenação de Bolsonaro é superior a oito anos (27 anos e 3 meses), ele deverá iniciar a execução da pena em regime fechado, ou seja, na cadeia. Assim, deve emendar a prisão preventiva com a prisão pela condenação.