MPF aciona Justiça para tirar do papel projeto do Memorial de Direitos Humanos em BH

Sede do antigo Dops em BH Jô Andrade/g1 O Ministério Público Federal (MPF) entrou com um processo para forçar o governo de Minas Gerais e a União a criarem...

MPF aciona Justiça para tirar do papel projeto do Memorial de Direitos Humanos em BH
MPF aciona Justiça para tirar do papel projeto do Memorial de Direitos Humanos em BH (Foto: Reprodução)

Sede do antigo Dops em BH Jô Andrade/g1 O Ministério Público Federal (MPF) entrou com um processo para forçar o governo de Minas Gerais e a União a criarem e instalarem, de vez, o Memorial de Direitos Humanos no antigo prédio do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), no Centro de Belo Horizonte. O edifício abrigou, entre 1964 e 1985, um dos principais centros de repressão e tortura da ditadura militar. O memorial foi pensado para preservar a memória da repressão da ditadura militar no Brasil, mas está inacabado há quase uma década. Ao lado, um novo edifício seria destinado a um centro de pesquisa e documentação. O local está degradado, com estruturas escoradas por andaimes para evitar desabamentos. ✅Clique aqui para seguir o canal do g1 MG no WhatsApp Segundo o MPF, a ação na Justiça pede uma ação mais efetiva do estado, que não vem cumprindo com a lei estadual 13.448/2000, sancionada em 10 de janeiro de 2000 para firmar a criação do Memorial de Direitos Humanos de Minas Gerais. O g1 procurou o governo de Minas e a União, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. O vídeo abaixo, de abril de 2025, mostra o portão da antiga sede do Dops sendo soldado após ter sido ocupado por manifestantes que cobravam a criação do museu: Portão da sede do Dops, em BH, é soldado para impedir entrada de ativistas No processo, o Ministério Público Federal alega que, apesar da lei que prevê sua criação e da intensa mobilização da sociedade civil, que chegou a ocupar o prédio em abril deste ano, o Memorial de Direitos Humanos continua apenas como uma promessa. As obras e a efetiva instalação do espaço sofrem atrasos. A União foi incluída na ação judicial, segundo o MPF, porque o Departamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (Doi-Codi), órgão militar e de estrutura federal, operou ativamente nos andares superiores do edifício e é considerado corresponsável pelas graves violações ali cometidas. LEIA TAMBÉM Memorial da Anistia em BH está parado há quase uma década e sem previsão de conclusão Antigo Dops O antigo prédio do Dops foi projetado pelo arquiteto Hélio Ferreira Pinto, em 1958, com uma fachada vinculada ao modernismo. Composto por quatro andares, o primeiro deles, semienterrado, abriga as celas de carceragem para onde os opositores do regime militar eram levados e torturados. De acordo com o Iepha, o tombamento do edifício, em 2016, foi proposto no contexto da preservação da memória das violações dos direitos humanos cometidas durante a ditadura e do reconhecimento pelo estado de Minas Gerais do valor histórico de documentos e lugares relacionados à atuação da polícia política. ✅Mande sua denúncia, reclamação ou sugestão para o g1 Minas e os telejornais da TV Globo Em 2018, sob a gestão de Fernando Pimentel (PT), o governo do estado lançou o projeto do Memorial dos Direitos Humanos Casa Liberdade. À época, uma reportagem da TV Globo mostrou uma visita guiada ao espaço, que já estava com as obras em processo de licitação Em abril deste ano, manifestantes ocuparam o espaço e promoveram o ato "Ditadura, nunca mais" para reivindicar: Imediata abertura do Memorial dos Direitos Humanos Destinação de recursos para a conclusão das obras Inclusão dos movimentos sociais na gestão do espaço até a abertura definitiva do memorial Punição dos torturadores da ditadura e prisão imediata dos golpistas do 8 de janeiro Defesa da memória dos mortos e desaparecidos da ditadura "Estamos aqui para exigir que o governo de Minas Gerais libere a verba necessária para que o Memorial dos Direitos Humanos seja finalmente inaugurado! Honrar a memória dos que tombaram na luta contra a ditadura não é apenas recordar o passado, mas manter viva a chama da resistência", afirmou, à epoca, Renato Campos, um dos organizadores do protesto. LEIA TAMBÉM: Antigo prédio do Dops em BH recebe visitas guiadas sobre a ditadura militar MPF abre procedimento para acompanhar criação de memorial na antiga sede do Dops Movimentos sociais ocupam antiga sede do Dops em BH para cobrar memorial: 'Ditadura, nunca mais' Vídeos mais vistos no g1 Minas