Enem 2025: 1º dia teve prova fácil a média, avaliam professores; veja como foi o exame por disciplina
Thiago Braga, autor e professor de Língua Portugues, comenta redação do Enem O primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2025 teve boa...
Thiago Braga, autor e professor de Língua Portugues, comenta redação do Enem O primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2025 teve boa presença de questões que citavam o meio ambiente, muitos temas sociais, um carga menor de leitura e nível de dificuldade de fácil a médio, no geral, e dentro do esperado, segundo professores ouvidos pelo g1. O tema da redação, sobre “Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira”, foi visto como relevante e atemporal pelos professores, o que permite um maior repertório por parte dos alunos. A professora coordenadora de Geografia Juliana Przybysz, do Elite Rede de Ensino, considerou a prova bastante tradicional e afirmou que ela veio carregada de Geografia, com discussão sobre ética ambiental. VÍDEOS: veja correção de 50 questões de linguagens, ciências humanas e redação GABARITO EXTRAOFICIAL: Veja respostas e a correção das provas Segundo o professor Arturo Chiong, do curso Anglo, os temas propostos foram relevantes e atuais, englobando questões de gênero, preconceito étnico e saúde emocional. De acordo com Raul Celestino de Toledo, coordenador pedagógico do Poliedro Curso, a prova foi tranquila e relativamente fácil, sem questões de alta complexidade, com textos mais curtos e perguntas mais objetivas, sem fugir do estilo tradicional do Enem. “Houve uma boa distribuição dos conteúdos na área de Ciências Humanas. Chamou a atenção o destaque dado às questões relacionadas à mulher, que apareceram tanto em Ciências Humanas quanto em Linguagens. Foi uma prova equilibrada, com bom ritmo e dentro do esperado”, avaliou Toledo. A professora e coordenadora de História da Rede Elite, Camila Feitosa, destacou que os textos menores facilitam para o aluno: “A gente tem um tempo muito curto para resolver essas questões. Mas, apesar de serem mais curtos, eles eram textos que demandavam atenção”, analisa. “Teve uma questão incrível sobre direitos dos povos originários, sobre como eles tiveram por muito tempo os seus direitos negligenciados, mas esses direitos agora estão crescendo, estão avançando”, acrescenta Feitosa. A prova priorizou a conscientização social e histórica, com destaque para temas como ancestralidade e resistência indígena, apagamento da história de pessoas escravizadas, padrões de beleza e inclusão esportiva, todos tratados de forma educativa e conscientizadora, segundo a professora de Linguagens da Rede Elite, Thatiane Hecht. A educadora acrescenta que o conjunto das questões manteve o foco em temas sociais, culturais e linguísticos, sem polêmicas explícitas. “As leituras exigiram atenção e interpretação cuidadosa, já que a maioria dos itens trazia textos de apoio curtos e distratores bem construídos”, afirmou. Caiu no Enem 2025: questões citam Paolla Oliveira e padrões de beleza, Paulinho da Viola e carros elétricos Veja tudo sobre o Enem no g1 Linguagens Segundo o professor Arturo Chiong, do curso Anglo, a prova de Língua Portuguesa apresentou, conforme o esperado, questões com foco em temas sociais e o nível de dificuldade correspondeu às expectativas. Ele destacou que 11 questões exploraram textos verbais e não verbais, com ênfase no gênero crônica. Além disso, foram abordados o Simbolismo, características do Romantismo e o emprego de sonetos. “Houve uma significativa abordagem da variedade linguística, destacando-se uma questão sobre a variação da palavra ‘canjica’ em diferentes regiões do país”, exemplificou. Hecht afirmou que a prova manteve o perfil tradicional do Enem, priorizando a interpretação textual e o domínio das funções de linguagem, da coesão e da variação linguística. O exame explorou temas sociais e culturais, além de textos verbais e não verbais que exigiam leitura atenta. “A presença de diferentes gêneros discursivos favoreceu candidatos com boa capacidade de análise e sensibilidade linguística”, analisa a professora. Geografia Przybysz destaca que a prova de Geografia veio quase sem atualidades, mas muitos textos em questões de História, Sociologia e Filosofia estavam relacionados à impactos ambientais. “A prova não estava tão complexa e caíram questões sobre geografia urbana, rural, impactos ambientais e sustentabilidade, fontes de energia, transporte e geologia. Ela estava toda contextualizada na COP30. Não havia questões específicas, mas estava toda voltada para essa questão de ética ambiental”, afirmou.”. História O professor de História do colégio e sistema pH Thiago Teixeira avalia que a prova de História foi de nível médio a fácil e dialogou bastante com Sociologia e Filosofia, porque trabalhou temas como cidadania, política, direito, justiça, cultura e memória. “O aluno que estiver bem alinhado com os conceitos de sociologia e filosofia e o conceito histórico de Antiguidade, de Idade Moderna vai se dar muito bem nessa prova”, afirma. Sociologia Larissa Vitória, professora de Filosofia e Sociologia, da Rede Elite, destacou que, em Sociologia, o Enem trouxe o Bauman com um trecho sobre utopia; Heleieth Saffioti falando do paradoxo entre igualdade e a necessidade jurídica da discriminação positiva de gênero; Norberto Bobbio e as variações sobre a concepção de Direitos Humanos e um trecho da Declaração das Nações Unidas sobre os direitos dos povos indígenas e a invisibilidade das religiões africanas no Brasil. Filosofia A professora de Filosofia e Sociologia Larissa Vitória, da Rede Elite, destaca que, em Filosofia, o Enem teve: Heráclito e sua perspectiva de cosmos; Platão sobre o conceito de cidade ideal; Aristóteles e as formas de governo; Paul Collier citando Adam Smith ao abordar a relação entre a motivação das condutas e a busca pelo lucro no capitalismo; David Hume falando sobre a relação entre a eloquência e a ausência de racionalidade; Foucault na temática da disciplina e capilaridade do poder; Bentham tratando da relação entre punição e felicidade; Derrida em uma distinção entre direito e justiça; Clarice Lispector ao tratar do ser e da conduta humana e Herbert Marcuse sobre a Sociedade industrial. Redação Para Hecht, a redação, sobre “Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira”, abordou um tema social acessível, com ampla margem para repertórios contemporâneos e reflexivos. “Diferentemente do ano passado, os textos das questões objetivas não apresentavam relação direta com o tema da redação, o que exigiu do candidato uma leitura independente da proposta e impediu que o conteúdo das questões funcionasse como indício temático”, acrescentou. Para Gabrielle Cavalin, coordenadora geral de redação do Poliedro, mais uma vez, o tema do Enem é extremamente relevante, mas, pelo terceiro ano consecutivo, muitos professores e alunos esperavam um tema ligado à tecnologia ou ao meio ambiente, por serem eixos predominantes nas notícias da mídia. Além disso, depois de alguns anos explorando a palavra “desafios” para introduzir a frase-tema, o Enem trouxe, neste ano, a palavra “perspectivas”. “O Inep optou por uma questão menos datada. Sem dúvidas, os alunos terão repertório e argumentos para discutir, pois o envelhecimento da população é um tema amplamente debatido na escola, especialmente nas aulas de Geografia.", afirmou Cavalin. “É um tema necessário e excelente para a sociedade brasileira, porque faz com que a gente discuta o que fazemos atualmente para tirar os estigmas e estereótipos sobre a terceira idade”, complementa Luiz Carlos Dias, coordenador de redação do Colégio Etapa. Segundo a professora Eva Albuquerque, do Cursinho da Poli, o tema da redação chama para a responsabilidade do jovem diante do futuro do país: "Tema social, atualíssimo, que chama a atenção do jovem para participar de um futuro digno, não só para os que são idosos hoje, mas também para eles, jovens”. A professora especialista em Redação Enem da Filadd Michele Marcelino destaca que o tema permite discutir o etarismo, os direitos das pessoas idosas e os problemas que elas enfrentam na sociedade contemporânea, como abandono e preconceito. “Não é um tema difícil. É um tema com o qual eles conseguem ter alguma relação no cotidiano. Uma referência importante para os alunos utilizarem é o próprio Estatuto do Idoso de 2003 - um dispositivo legal que garante proteção, igualdade e direitos básicos como educação, saúde, moradia para as pessoas que estão na dita terceira idade,’ afirma Thiago Braga, professor do Sistema pH. Línguas estrangeiras Quem optou pelo inglês como língua estrangeira se deparou com textos sobre Angela Davis e a questão indígena, incluindo um poema e uma análise da apropriação cultural em fantasias de Halloween, detalha Isabela Abreu, editora de linguagens no SAS Educação. Na prova de espanhol, Chiong destaca que o exame seguiu o padrão esperado de dificuldade. “Apareceu uma música com temática sobre a exploração dos trabalhadores, uma questão que explorava o vocabulário na Espanha e na América Latina, e outra voltada aos recursos gramaticais da língua”, resumiu. A única charge de toda a prova de Linguagens apareceu em espanhol, aponta Abreu.